quinta-feira, 14 de junho de 2012
Turnê de 30 anos
Os shows da turnê de 30 anos de carreira começam agora em julho. A primeira cidade a receber o Kid é Natal/RN, no dia 26. Confira a agenda Junho/Agosto:
quarta-feira, 13 de junho de 2012
A fantástica fábrica de hits
Em ENTREVISTA exclusiva, o músico e compositor George Israel, do conjunto
Kid Abelha, avalia os 30 anos da banda e explica o processo de criação de
músicas que não envelheceram com o tempo.
Parece que o tempo não passou para as músicas do Kid Abelha, assim como parece não ter passado para a sua líder, a cantora Paula Toller, 49. Foi em 1982, em pleno período de agitação e renovação da música brasileira, que surgiu o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. O palco da estreia foi o Circo Voador, na Lapa. De lá pra cá a banda não parou de emplacar sucessos.
Na estrada, numa turnê comemorativa aos 30 anos, Paula Toller, em várias entre-vistas à imprensa, reafirma a necessidade que o grupo sentia de voltar à ativa e celebrar a trajetória, após um intervalo de quatro anos, período em que George Israel e Paula Toller se dedicaram aos projetos independentes. A banda voltou aos palcos em Tóquio, em setembro de 2010, quando os brasileiros que moram no Japão tiveram a oportunidade de matar as saudades do Brasil dos anos 1980.
Em referência ao início da carreira foi idealizada a turnê Glitter de Principiante, nome também da faixa inédita de trabalho, que sintetiza o espírito de revival da banda que foi apelidada de “Fábrica de Hits”. Para o jornalista, pesquisador e produtor musical Rodrigo Faour, as composições de letra e melodia com a marca do Kid Abelha são os elementos que contribuíram para o sucesso duradouro do grupo. “O Kid faz um som pop/romântico com letras melodiosas muito bem feitas. Nunca quis ser um grupo engajado ou pretensioso e, por isso, grande parte de seu trabalho acabou não ficando datado”, explica Faour.
Em entrevista ao CONTRAMÃO, o instrumentista e compositor do Kid Abelha, George Israel, atribui a longevidade do Kid Abelha principalmente às canções. “O sucesso do acústico [MTV, em 2002] mostra isso. Ali as músicas estão sem roupa. E, claro que, certos riffs e solos de guitarra e sax já fazem parte delas. Temos o diferencial de ter à frente da banda uma mulher com estilo vocal próprio que compõe e tem o que dizer”, avalia.
Resistente ao tempo, o Kid Abelha segue seduzindo gerações. O estudante Gabriel Rodrigues, 11, é músico e fã do grupo por influência do pai. “Curto muito as músicas dos anos 1980. O que me chamou atenção no Kid Abelha foram as melodias e, principalmente, a voz da Paula [Toller]”, revela.
O cantor e compositor Renato Russo, líder da extinta Legião Urbana, morto em 1996, foi amigo de Paula Toller e dei-xou o seguinte registro sobre a banda: “O Kid Abelha é aquele exemplo raro dentro do chamado Rock Brasil: uma banda assumidamente Pop, com uma formação originalíssima: voz, sax e guitarra. Sem pretender desvendar grandes mistérios da psiqué humana ou tentar um registro destes tempos conturbados, o Kid acaba fazendo exatamente isso e de uma maneira, ao mesmo tempo, incisiva, bem-humorada e, extremamente, dançante”, escreveu Russo em um release sobre o álbum Tudo é Permitido (1991).
CONTRAMÃO - Os seus solos de saxofone são marcas do Kid Abelha. Como foi fazer parte de várias bandas na década de 1980 e, como você se consolidou como um integrante e fiel compositor de hits do Kid Abelha?
George Israel - Essas coisas você só vai avaliar muito tempo depois. Tive a sorte de encontrar pessoas muito talentosas e, junto a elas, o que eu tinha a contribuir foi valorizado. Quando entrei no Kid já compunha, tocava violão, tinha outras bandas, mas, só tocava sax, há um ano. Minhas limitações viraram estilo, pois sempre foquei mais na construção de riffs e solos cantáveis. Como compositor, minhas primeiras músicas gravadas nem foram pelo Kid. No segundo disco, já havia duas parcerias com o Leoni. Quando ele saiu da banda, eu e a Paula começamos uma parceria que deu muito certo e rendeu mais de 50 canções. Eu, também, tive o privilegio de compor com o Cazuza.
CONTRAMÃO - O Kid Abelha é uma banda assumidamente Pop, mas com o pé no Rock. Como você avalia esse cruzamento de rotas entre entre um estilo musical e outro?
George Israel - O Kid surgiu numa época de ebulição do New Wave, onde cabiam influências do Punk, do Reggae, eletrônico, do Rockabilly, do Rock e do Pop. E, no Brasil, a isso se somavam nossas influências da MPB. Como éramos uma banda autoral, a forma de arranjar e buscar uma sonoridade veio desse leque amplo. Mas, na nossa experiência musical inicial, a escola era Beatles, The Police, Rita Lee, The Pretenders, além do Blues, tudo isso dava um espírito Rock ao Pop do Kid.
CONTRAMÃO - As letras do Kid Abelha enfatizam as relação amorosas e, vem por outra, o sexo de forma explícita. Elas foram compostas como uma forma de quebrar os tabus dos anos 1980? Há uma relação entre a composição dessas letras com a imagem de sex symbol da Paula Toller?
George Israel - Desde o começo com Como eu quero e Garotos, as letras já mostravam uma visão feminina, ácida e provocativa do sexo e do amor. Acho que a Paula gosta e sabe desenvolver e explorar isso de uma forma inteligente e particular, até com a própria imagem.
CONTRAMÃO - O Kid Abelha se consolidou como um trio, assim, a banda reúne as referências musicais que são do Bruno Fortunato, da Paula Toller e suas. Como é esse processo criativo?
George Israel - Eu me vejo ligado à composição, arranjo e produção musical. Tenho estúdio e acabo dando um start nas músicas novas e fazendo um meio de campo com o produtor e outros músicos. Nos shows, sou meio coringa tocando outros instrumentos e fazendo vocal. O Bruno traz sua personalidade meticulosa e crítica, seus timbres um toque são elegantes e seus exuberantes e virtuosos. Ele, também, é bastante atento à qualidade de som em cada show que fazemos. Já a Paula faz as letras e, consequentemente, o discurso central. Ela confia bastante à parte musical a nós e costuma se concentrar nos acabamentos de voz e na mixagem. No lado estético das capas, clipes e shows, ela costuma participar e trabalhar bastante. Acho que somos complementares.
*Por Felipe Bueno
Fonte: http://issuu.com/jornalcontramao/docs/19contramao
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