Texto do vídeo de abertura do show de 30 anos
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Foto: Luciano Touguinhó |
"Onze mil dias, multiplique por vinte e quatro horas, vezes sessenta minutos, e é uma vida inteira.
Um bom pedaço dela. O melhor de todos.
Faça um marco e comece as contas, escolha um ponto, esse aí, quando a
música do rádio pegou a gente distraído e uma voz, uma batida, um refrão
entrou na vida da gente pra sempre!
Faça outro marco e o dia em que viu a dona da voz. Aquele louro, aquele
rosto, aquele azul. E faz de conta que a vida então começou.
Quantos contos de mil e uma noites embalaram você no suspense do seu
quarto? Pois é, trinta anos depois, amores se foram, vieram outros e
também grandes batalhas, espaços abertos, bandeiras fincadas, terreno
perdido, território conquistado. Tanta gente vindo junto com suas lutas
de cada dia: uma geração, os filhos dela. A mesma lingua, a mesma
escala, as mesmas notas que cantamos enquanto espelhos mostram o mesmo
branco, o mesmo cinza, os mesmos anos. Trinta ao todo foram passando. E
ela lá, aquele louro, aquele azul, aquele tom...
Nunca nada
muda, para nosso conforto e para nossa delícia. Para o futuro das nossas
velhas fantasias. Abelha entre Kids, abóboras, para nós, selvagens
devoradores de mitos, esses que salvam nosso mundo particular com as
tramas do sucesso em que nos enredamos. Conquistados, durante 30 anos,
nesse canto, nesse tema, nesse louro.
Mas deixa as contas que
no fim das contas é ver se entende minha pressa, minha distração, minha
fixação. A hora é essa. A cada madrugada, a virada que aprendemos a
fazer, porque nos foi dado viver ao mesmo tempo, nesse tempo, nessa era.
Trinta anos."
Mônica Waldvogel
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