quarta-feira, 2 de maio de 2012

Texto do vídeo de abertura do show de 30 anos


Foto: Luciano Touguinhó

"Onze mil dias, multiplique por vinte e quatro horas, vezes sessenta minutos, e é uma vida inteira.
Um bom pedaço dela. O melhor de todos.
Faça um marco e comece as contas, escolha um ponto, esse aí, quando a música do rádio pegou a gente distraído e uma voz, uma batida, um refrão entrou na vida da gente pra sempre!

Faça outro marco e o dia em que viu a dona da voz. Aquele louro, aquele rosto, aquele azul. E faz de conta que a vida então começou.

Quantos contos de mil e uma noites embalaram você no suspense do seu quarto? Pois é, trinta anos depois, amores se foram, vieram outros e também grandes batalhas, espaços abertos, bandeiras fincadas, terreno perdido, território conquistado. Tanta gente vindo junto com suas lutas de cada dia: uma geração, os filhos dela. A mesma lingua, a mesma escala, as mesmas notas que cantamos enquanto espelhos mostram o mesmo branco, o mesmo cinza, os mesmos anos. Trinta ao todo foram passando. E ela lá, aquele louro, aquele azul, aquele tom...

Nunca nada muda, para nosso conforto e para nossa delícia. Para o futuro das nossas velhas fantasias. Abelha entre Kids, abóboras, para nós, selvagens devoradores de mitos, esses que salvam nosso mundo particular com as tramas do sucesso em que nos enredamos. Conquistados, durante 30 anos, nesse canto, nesse tema, nesse louro.

Mas deixa as contas que no fim das contas é ver se entende minha pressa, minha distração, minha fixação. A hora é essa. A cada madrugada, a virada que aprendemos a fazer, porque nos foi dado viver ao mesmo tempo, nesse tempo, nessa era.
Trinta anos."
                        Mônica Waldvogel



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