sexta-feira, 20 de abril de 2012

Entrevista completa: George Israel relembra início do Kid Abelha e comenta críticas



Sucesso dos anos 1980, o Kid Abelha completa 30 anos de carreira com shows nos próximos dias 27 e 28 de abril, no Citibank Hall, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Em entrevista ao SRZD, o guitarrista, saxofonista e compositor do grupo, George Israel, falou sobre o início da banda, dos momentos marcantes da carreira e sobre a dura crítica que o trio, atualmente formado também por Paula Toller e Bruno Fortunato, sofreu.


A primeira vez em que o Kid Abelha, ainda chamado Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, subiu ao palco foi em 1982, no Circo Voador. Trinta anos após, George Israel lembra dos momentos que antecederam a apresentação e a hora H.
"Lembro de uma expectativa positiva e esperada, mas na hora de subir no palco uma vontade de desaparecer e nunca mais se apresentar", recorda o músico. "No Circo tinha aquele clima de sempre ter alguns roqueiros gritando os brados típicos: 'toca Raul!' ou 'rock'n roll'. Mas não amarelamos e como nossa música já tocava bastante na rádio chegamos com uma certa moral e nos demos bem", conta ele.
Além do primeiro show, para os músicos da banda, "ouvir uma música nossa na radio pela primeira vez e tocar no especial do Roberto Carlos", também marcou a carreira segundo contou George. "Começamos a tocar por causa de nossos ídolos. Ter o reconhecimento deles, ter a oportunidade de conhecê-los e em alguns casos tocar ou gravar juntos é um grande prêmio", disse.
Apesar de hoje ser considerada uma das bandas da Era de Ouro do rock nacional, ao lado dos Paralamas do Sucesso, Legião Urbana e Capital Inicial, no início da carreira o Kid Abelha foi alvo de duras críticas que consideraram o grupo apenas um hit de verão, mas segundo o guitarrista isso não abalava o trio que, na época, não pensavam em se tornar um grande sucesso da música brasileira.
"No início não tínhamos expectativas de carreira ou sucesso. Todos nós fazíamos faculdade, e a música era diversão. O próprio nome da banda foi escolhido por irreverência ao mercado. Era tudo novidade e não estávamos muito preocupados", afirma ele acrescentando que as críticas a música pop do grupo começaram a surtir efeito mais tarde.
"Quando começamos a nos profissionalizar, ganhar dinheiro e pensar numa continuidade, percebemos o preconceito com a música pop que fazíamos", disse. "Mas acreditávamos muito no que estávamos fazendo e fomos em frente. Acho que tudo isso nos deu gás para chegarmos aos 30 verões", avalia o músico que trinta anos mais tarde afirma que a crítica os enxerga diferente e que a nova geração os ouviu com menos preconceito.
Questionado se o Kid Abelha tem uma resposta para o preconceito que sofreu, George diz que poderia vir de uma pergunta: "Alguém na sua casa quer ir ao nosso show?"
Em 1985, três anos após o lançamento oficial do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, o trio carioca foi responsável pela abertura da primeira edição do Rock in Rio. "Estávamos numa escalação mal escolhida, mas não me lembro de ter tido no show uma sensação predominantemente ruim", recorda o músico sobre a primeira apresentação da banda no festival, que não foi prontamente recebida pelo público.
Entretanto, no mesmo festival, o Kid Abelha deu a volta por cima tocando no mesmo dia em que Tancredo Neves foi eleito presidente do Brasil. "Foi emocionante tocar no dia em que Tancredo foi eleito, depois de tantos anos de um regime não democrático. Ao final nos vestimos com a bandeira brasileira, foi muito bacana", afirma.
Figurinha carimbada do Rock in Rio, o Kid Abelha voltou ao palco mundo também em 2001, terceira edição do festival no Brasil. Para George Israel, foi ali que o Kid Abelha lavou a alma. "Pudemos ver claramente o que a nossa geração fez com o rock no Brasil. O público participando mais dos shows de bandas daqui, viramos gente grande", disse ele ao SRZD.
George Israel aproveitou também para falar sobre a Era de Ouro do rock nacional. Para ele, na época, "o Brasil estava tirando o atraso da música urbana. Depois do período de censura, e da patrulha ideológica, todo mundo tinha uma banda de rock", afirma o músico comparando a quantidade de bandas de sucesso na década de 1980 com o cenário atual.
Sobre os shows de abril, no Rio de Janeiro, o Kid Abelha adianta que os fãs podem esperar para ouvir sucessos do primeiro ao último disco da banda, como "Todo meu outro", "Amanhã é 23", "Nada sei" e "Na rua, na chuva, na fazenda".
Nos dias 27 e 28 de abril, o Kid Abelha celebra o apelido que ganhou da imprensa depois de sua consagração, "Fábrica de hits", com shows no Citibank Hall, às 22h. Os ingressos variam de R$ 180 (camarote) a R$ 70 (mesa lateral) para o dia 27. E de R$ 180 a R$ 80 (poltrona e pista) para o dia 28. E podem ser comprados pelo site www.ticketsforfun.com.br, pelo call-center 4003-5588, ou ainda na bilheteria oficial do Citibank Hall no Shopping Via Parque. Av. Ayrton Senna, 2000 - Barra da Tijuca.


Fonte: http://www.sidneyrezende.com/noticia/168509+entrevista+completa+george+israel+relembra+inicio+do+kid+abelha+e+comenta+criticas

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