Depois dos “devaneios confiados à Yemanjá” e longe dos palcos desde o réveillon de 2007, o grupo decidiu retomar por insistência do público. “Os telefonemas no nosso escritório eram frequentes”, conta George Israel. “As pessoas estavam curtindo os solos, mas queriam shows do Kid de qualquer maneira”, complementa.
Enquanto isso, para não “levar a vida carregada de tristeza", os fãs se deliciaram com o DVD “Acústico MTV”, lançado em 2002, que mesmo em tempos de crise e pirataria, ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias. “É muito bom voltar e sentir que o nosso espaço continua reservado”, comemora.
Não “deixar essa magia passar batida”, tocar e cantar apenas pelo simples prazer do reencontro com os fãs é o que justifica o título do novo show, "Glitter de Principiante", que promete brilhar tanto quanto “gloss de beijo de amante”.
“Queremos tocar músicas de que gostamos e consolidamos, mas com energia de quem está começando”, ressalta o músico que conversou sobre a retomada do grupo com a equipe do EPPIRACICABA.
O que motivou essa volta do grupo?
Principalmente as pessoas. De um ano pra cá, a gente começou a identificar a frequência comentários - pô legais as carreiras solos, os trabalhos, mas e o Kid vai voltar quando? Aí começou a tocar o telefone no escritório, a gente foi se contaminando com essa saudade, e depois de um show em Tókio que o grupo fez em setembro do ano passado acabou embalando.
Como foi voltar para o palco?
Ah, foi uma surpresa boa porque a gente sobe no palco e volta de imediato o envolvimento com o público, a troca de energia... ver o público cantando é um resultado de algo construído ao longo dos anos, mas só que de vez em quando você se distrai e aí quando volta você se surpreende.
Vocês precisaram reconquistar o espaço?
Isso foi outra coisa que surpreendeu, quando você vê que aquilo está bem sedimentado, as músicas já fazem parte da vida das pessoas, o grupo já tem um lugar cativo, isso é muito legal porque a gente só consegue sentir isso realmente depois de muitos anos de carreira. Ainda mais se levar em conta que a gente começou sem muita pretensão e ver o resultado hoje é muito bacana porque aquelas músicas ficaram pra vida e são patrimônios nossos. Aliás, é esse deslumbramento que está dando esse frescor, essa energia de principiante.
Como nasceu o "Glitter de Principiante"?
A música foi feita pro show que marca o reinício e tem esse glamour, um impulso de frescor mesmo, enfim, essa história toda da gente curtir essa sonoridade do começo, mostrando músicos desses anos todos que estão com o astral positivo, justamente para não levar a vida carregada de tristeza.
Como é fazer um show sem precisar divulgar um DVD?
Existe um espaço para não ficar exatamente igual, parece que você não está tocando várias músicas, você está dando show, então nesse ponto a gente busca um repertório básico e sempre deixa algumas músicas na manga para variar e também para dar uma palhinha quando o público pede uma música. É como quando a gente faz um disco, a ideia não é juntar um monte de música, a ideia é fazer um disco que a pessoa escute inteiro.
Como é conviver com a Paula e com o Bruno?
É um conforto estar junto com pessoas em quem a gente confia na estética, na postura artística, na música, é muito legal porque a gente se completa e aí você pode fazer sua parte tranquilo sabendo que eles vão segurar a peteca. E tem muita história junto, né. É um tempão de dedicação antes do show, a gente já ficou muito tempo em estúdio, ensaiou, se empenhou, superou os desafios.
E quais foram os principais desafios enfrentados nesses 30 anos de carreira para viver da música?
Acho que o primeiro deles é ser uma banda pop porque na época em que a gente começou, pop era quase um palavrão e a música era vista apenas como comercial, existia esse preconceito; tem também essa coisa do rock ser muito machista com relação a ter uma menina à frente... e teve um momento que o pop rock brasileiro ficou em baixa total, no começo dos anos 90, ficou meio marginalizado, mas a gente segurou essa olhando pra frente, trazendo coisas novas, sem ficar apavorado com os altos e baixos.
A gente contava com o respaldo da galera que escutava o Kid então a gente foi teimoso, persistente mesmo e isso foi bom. Hoje em dia está muito melhor, a gente está fazendo show com uma estrutura bacana, com banda legal, com esse monte de músicas e o público reconhecendo está melhor do que nunca.
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